Autoconhecimento e o autodesconhecimento

Para ser justo, um líder necessita lapidar-se subjetivamente, minimizando a possibilidade de oscilações emocionais, devido a situações não bem resolvidas no seu passado. Ao resolvê-las, buscando a causa, faz autoconhecimento.

E, com o avanço de autoconhecimento, um paradoxo se estabelece: a percepção de um nível elevado de autodesconhecimento. A determinação de buscar conhecer-se melhor, conduz a uma tarefa interminável: a de diminuir a ignorância de si mesmo, visando um maior discernimento, para interpretar fatos e influenciar. 

Autoconhecimento e a revisão de um fato passado

Um tom emocional produzido na mente, se estabelece de um fenômeno físico-químico que ocorre no cérebro, cuja função é associar relevância subjetiva a um determinado fato vivido. Experiências passadas não agradáveis, precisam ser ressignificadas, para que se elimine os elementos físico-químicos contidos nas memórias, responsáveis por reproduziem a emoção não boa, quando emergem, no presente, devido a alguns estímulos. 

Para ressignificar, é necessário rever, racionalmente, o contexto e os personagens do passado, considerando o grau de entendimento que se possuia na época, em que se viveu a experiência.

O autoconhecimento possibilita que se faça interpretações descontaminadas de subjetividade. Assim, é necessário aprender a revisitar o próprio passado para revisá-lo, desconstruindo o tom emocional perturbador.

Autoconhecimento e o juízo de valor

Quando há autoconhecimento, há mais cuidado ao julgar. Percebe-se a forte influência da história de vida e da cultura local, numa interpretação.

Ao se desenvolver a inteligência contextual, aprende-se  a relativizar, de modo mais adequado, o fato aos seus personagens, inclusive quando se é, no caso do autoconhecimento, um dos principais protagonistas.

Antes de criticar é necessário compreender e, ao se compreender, o parecer tende a ser mais justo. Entretanto, aprender a ser justo consigo mesmo, é antes de tudo compreender como e em que condições contextuais a própria mente foi produzida, visando desconstruir os modelos mentais que distorcem os fatos, comprometendo a interpretação.

Autoconhecimento e a relação com pessoas difícieis

Coerência fundamenta a liderança.  O que se diz e o que se faz deve estar em sintonia fina.  Ao se declarar a necessidade de saber trabalhar em equipe, faz-se necessário dar o exemplo, principalmente quando percebemos uma pessoa difícil  no contexto profissional,  que pode estar posicionada na diretoria ou na presidência de uma organização.

Compreender porque há um desconforto emocional devido a presença ou a fala de alguém, é compreender algo de si mesmo. A inadequação do outro, não justifica uma alteração de humor de nossa parte, mas indica uma oportunidade de um pouco mais de autoconhecimento. 

Autoconhecimento e as decisões de negócio

Decisões são rotinas nos negócios, contudo, algumas tendem a ser mais difíceis que outras. Muitas vezes, não se sabe exatamente o que impede o melhor raciocínio, porém percebe-se um sentimento, – que também é uma função do racional -, dando um valor subjetivo à situação.

Decifrar o que emerge, exige uma mente reeducada para inferir a causa da dificuldade em questão. No entanto, por se utilizar muito pouco da lógica para se resolver o mundo emocional, perde-se oportunidades importantes, como essa, para se aprimorar o autoconhecimento. Há uma forte relação entre o nível de autoconhecimento e a performance nas decisões de negócio.