Mestria em Gestão Estratégica

Gestão é uma ciência e como tal evolui ao longo do tempo. Em se tratando da gestão estratégica, têm sido propostos diversos modelos para sua condução. Dentre esses, destacam-se:

BSC (Balanced Scorecard): a sistemática do BSC conta com um arcabouço formado por perspectivas de desempenho, as mais comuns são a financeira, dos clientes/mercado, dos processos internos e de aprendizado & crescimento). Dentro dessa estrutura são definidos objetivos estratégicos (com suas relações de causa e efeito), respectivas métricas e suas metas, e iniciativas estratégicas.

OKR (Objectives and Key Results): nesse modelo, o planejamento ocorre de baixo para cima na estrutura organizacional, nas áreas funcionais, mas sempre focado em atingir objetivos estratégicos. Para cada objetivo estratégico devem ser estabelecidos os resultados chave, metas e respectivas ações que levem à realização do objetivo.

4DX (4 Disciplinas da Execução): as 4 disciplinas em ação formam um ciclo em quatro etapas: (1) focar nas metas crucialmente importantes, (2) atuar sobre medidas de direção, (3) manter um placar envolvente, e (4) criar uma cadência de responsabilidade (reuniões de avaliação e replanejamento, rápidas, sistemáticas e frequentes).

Desse rol de alternativas surge uma questão fundamental: “Se queremos adotar um modelo de gestão que garanta a execução estratégica, com o alcance de resultados extraordinários, qual das opções é a melhor?”. Antes de chegar a uma resposta precisamos entender quais são as dificuldades recorrentes a serem enfrentadas. Em linhas gerais, os principais entraves são:

  • Resistência à mudança – se as pessoas não tiverem a oportunidade de participar da formulação das propostas de transformação, em produtos, processos, regras de negócio ou comportamentos, haverá resistências.
  • Falta de visão sistêmica sobre a estratégia do negócio – a estratégia é formada por um conjunto de hipóteses sobre causa e efeito. Sem essa compreensão o caminho a ser seguido acaba não sendo visualizado podendo levar a um voo cego ao ponto de chegada desejado.
  • Comunicação falha – de nada serve uma estratégia bem elaborada se a informação não alcançar o nível da operação onde a estratégia deve se realizar.
  • Falta de uma sistemática para gestão estratégica – sem um modelo de ação bem estruturado e sistematizado, que vá do planejamento à ajustes pelo caminho, com monitoramento de resultados, avaliações e análise de opções, o mais bem elaborado plano estratégico não se concretizará.
  • Sem foco sobre as prioridades – quando as prioridades não são elucidadas, uma rotina agitada acaba levando ao estado de urgência ações de toda espécie, o que coloca num mesmo patamar atividades rotineiras e iniciativas estratégicas, pondo em risco a realização estratégica e o futuro do negócio.

Com isso em mente, entendendo o que cada um desses modelos tem de excelente e no que podem ser complementados, podemos afirmar que o melhor método não é esse ou aquele. A adoção de uma solução híbrida pode estabelecer uma sistemática que garanta mestria ao processo da execução estratégica. Como assim?

O BSC com seu arcabouço em perspectivas de desempenho, seu mapa estratégico de objetivos, suas métricas balanceadas entre as perspectivas formando um painel de controle e suas iniciativas atreladas aos objetivos e métricas, é um modelo que garante a visão sistêmica sobre o quadro geral da estratégia deliberada para o negócio.

A partir daí, vem a necessidade de se promover a comunicação sobre as prioridades, levando-as a cada área funcional que deverá contribuir com a realização estratégica. Então a primeira disciplina (foco no que é crucialmente importante) do modelo 4DX pode entrar em ação. Extraídos do mapa estratégico, os objetivos (metas) crucialmente importantes serão levados às áreas e suas equipes, com as prioridades ganhando o devido destaque.

Com as prioridades esclarecidas, as equipes devem detalhar resultados (táticos ou operacionais) a serem alcançados. Nossa sistemática híbrida, assim, pode avançar pela linha do OKR onde os resultados chave (key results), que levem à realização dos objetivos (objectives) crucialmente importantes, serão detalhados em metas e respetivas ações.

Seguindo com nossa solução híbrida, essas metas serão monitoradas por métricas de condução, conforme preconizado pelas disciplinas 2 (atuar sobre medidas de direção) e 3 (manter um placar envolvente) do modelo 4DX.

E, completando o modelo híbrido, estabelecendo um ciclo virtuoso com revisões ágeis e sistemáticas sobre as hipóteses estratégicas, com a promoção de avaliações sobre o andamento dos planos, análise sobre os resultados alcançados e decisão sobre ajustes, entra em ação a disciplina 4 (criar uma cadência de responsabilidade) do método 4DX. Criando o hábito da atenção e ação proativa sobre a execução estratégica, as transformações planejadas terão seu lugar, haverá a quebra de resistência às mudanças necessárias.

Esse modelo híbrido (BSC-OKR-4DX) de gestão pode ser “a solução” de excelência para uma gestão estratégica plena, eficiente em suas ações, eficaz em suas entregas e efetiva em seus resultados.

4DX, disciplina para execução estratégica

O modelo de gestão 4DX (acrônimo de 4 Disciplinas da EXecução) é uma sistemática para realização estratégica desenvolvida pela empresa de consultoria em mudança de comportamento FranklinCovey, apresentada por Sean Covey, Jim Huling e Chris McChesney, no livro The 4 Disciplines of Execution: Achieving Your Wildly Important Goals (2012). Segundo seus criadores, o método não é uma teoria de gestão estratégica, mas sim uma sistemática testada, aprovada e aperfeiçoada em mais de uma centena de empresas, de diversos segmentos, ao redor do mundo.

O método 4DX foi criado para evitar que o turbilhão (whirlwind) do dia a dia comprometa o que é altamente importante para o futuro da organização. Desse modo, sua intenção é garantir que a estratégia seja executada independentemente do quanto de agitação, desorganização e coisas que são (ou parecem ser) urgentes existam na operação rotineira.

A sistemática, que visa promover uma mudança de comportamento nas equipes envolvidas com a estratégia organizacional, passa por quatro etapas, as chamadas 4 Disciplinas da Execução:

(1) Focalizar no que é crucialmente importante

(2) Atuar sobre métricas de direção

(3) Manter um placar envolvente, e

(4) Criar uma cadência de responsabilidade

Com a aplicação dessas quatro disciplinas, os criadores do método atestam que é possível obter resultados superiores, independentemente do quão desafiadores sejam os objetivos e suas metas. Mas o que são essas quatro disciplinas?

Disciplina 1 Foco na metas crucialmente importantes (do termo original em inglês, Wildly Important Goals – WYG): esta disciplina atua sobre o primeiro desafio das equipes que devem contribuir para que a estratégia aconteça, a dificuldade em manter foco nas metas estratégicas extremamente importantes, evitando que se perca no agito da rotina diária. Ou seja, a equipe deve ter clareza sobre quais são as prioridades. Para isso, garantindo foco inequívoco, cada equipe só pode atuar sobre uma ou duas metas crucialmente importantes.

Disciplina 2 Atuação sobre métricas de direção: o progresso da caminhada estratégica e seu sucesso serão monitorados por dois tipos de métricas: de resultados e de direção.

    • Métricas de Resultado (lag measures) permitem rastrear se as metas crucialmente importantes estão sendo alcançadas, contudo são tardias. Elas refletem o passado, efeitos alcançados, seja como planejado ou não.
    • Métricas de Direção (lead mesures) medem as coisas (causas) altamente impactantes que a equipe deve fazer. Portanto, elas medem as novas ações e comportamentos que impulsionam o sucesso das métricas de resultado. É com base nelas que a equipe irá determinar o que está dando certo e o que deve ser ajustado para que a estratégia se realize.

Disciplina 3 Manutenção de um placar envolvente (compelling scoreboard): alto desempenho de equipes vem de pessoas que estão emocionalmente engajadas. Por sua vez, o mais elevado nível de engajamento vem de saberem se estão ganhando ou perdendo com suas apostas (suas ações). Então, deve ser disponibilizado um painel de métricas para que a equipe saiba determinar, instantaneamente, como anda o resultado de seu jogo e, assim, tomar decisões assertivas sobre o que fazer na sequência.

Disciplina 4 Criação de uma cadência de responsabilidade (accountability): a cadência será dada por um ritmo de reuniões rápidas (a sugestão é de 20 a 30 minutos), regulares e frequentes (periodicidade semanal ou, em casos especiais, diária), de cada equipe que está a cargo de uma meta crucialmente importante. A intenção é estabelecer um ciclo virtuoso, englobando as três disciplinas anteriores, com informações sobre o desempenho passado e o planejamento de ações para que o placar evolua.

As disciplinas 1 a 3 preparam o caminho, configuram o cenário do jogo estratégico, mas é apenas na disciplina 4 que o jogo começa. Até que a quarta disciplina seja colocada em prática a equipe não entrou em campo. O modelo de gestão estratégica 4DX é extremamente simples de entender, lógico em sua proposta, mas como o próprio nome do método destaca exige disciplina, com comprometimento e mudança de hábito das equipes com responsabilidade sobre estratégias na organização.

Tal como as sistemáticas do BSC (Balanced Scorecard) e do OKR (Objectives and Key Results), o modelo 4DX (4 Disciplines of Execution) é mais uma opção de excelência em gestão estratégica a ser considerada pelas organizações. A decisão sobre qual modelo adotar é uma questão de entendimento sobre a proposta do método e sentimento de conforto com sua aplicação.