Reeducando a racionalidade

Um profissional, para aprimorar a liderança,  precisa auditar a qualidade de sua racionalidade. E, paradoxalmente, essa habilidade de auditar-se é possível somente quando já compreendeu as causas de alguns autoenganos. E, ser lógico não facilita a análise, porque a  lógica pode ser construída com premissas falaciosas, mantendo o indivíduo refém de sua percepção.

O líder tem um desafio extraordinário:  identificar a  vulnerabilidade de sua mente em relação às informações e aos contextos que alimentam o processo lógico do seu raciocínio, para minimizar a indesejável turbulência emocional, ao liderar.

 

 

O líder intuitivo

A intuição é uma forma natural de saber algo, além das informações disponíveis. Para um líder intuitivo aproveitar das vantagens dessa caractertística, é necessário um nível de autoconhecimento, em relação ao seu tipo psicológico e, da análise do histórico dos efeitos que produziu, ao decidir, levando em consideração suas intuições.

A moralidade do intuitivo não se pauta pelo intelecto e nem pelo sentimento, ele tem a sua própria moral, isto é, a fidelidade à sua impressão e a voluntária submissão á sua força”  conforme C.G. Jung tratou na sua obra Tipos Psicológicos, referindo-se a um  intuitivo extrovertido.

Autoconhecimento: reconhecendo a singularidade

Cada pessoa é singular, sendo ela quem primeiro precisa identificar a sua singularidade. É uma espécie de assinatura natural que deve ser “reconhecida” pela própria pessoa. E, através do autoconhecimento, essa assinatura torna-se cada vez mais nítida e legível.

Apropriar-se da singularidade é essencial para um líder, que busca o  domínio pessoal. Ao identificar os próprios dons e talentos, aprimora-se a autoconfiança, e paradoxalmente torna-se mais fácil  reconhecer as imperfeições. Segundo Stephen Alder: somos perfeitamente imperfeitos, e assumindo isso, temos chance de nos tornarmos humanos melhores.

Autoconhecimento: Uma melhor versão de si próprio

Ao desenvolver o autoconhecimento, produz-se, conscientemente, uma melhor versão de si próprio. Assim, é fundamental estar sempre aprimorando e vigiando a forma de pensar. Um  pensar mais preciso por ser menos sujeito as amarras emocionais, permitindo acessar intuições diferenciadas para posicionamentos evolutivos, enquanto se lidera.

Estamos inseridos num sistema que é maior do que nós e precisamos conhecer as regras do jogo desse sistema. E, compreendendo e transcendendo as crenças limitadoras do contexto em que se foi ou se é produzido, gera-se uma melhor versão de si próprio. Sendo essa uma tarefa para um lider que ambiciona se tornar, a cada dia, um humano melhor.

O papel do Líder

Entendendo que o gestor se ocupa com os processos enquanto o líder cuida das pessoas, como já vimos em Liderança ou Gestão?, chegamos à conclusão que todo líder é um gestor e todo gestor é um líder. Aqui vamos aprofundar o entendimento sobre qual o papel do líder no contexto de sua posição na organização. São basicamente três as situações possíveis, ou o líder em questão é um alto executivo com influência direta sobre toda a organização, ou é um dirigente de uma linha de negócios ou de uma área de atividades correlatas, ou é um gestor com autoridade e responsabilidade sobre uma área funcional da operação.

Assim, considerada sua posição na hierarquia organizacional, podemos dizer que o líder poderá assumir um de três papéis: o de liderança estratégica (ou visionária), de liderança tática ou de liderança gerencial.

O Líder Estratégico deve ter o futuro como foco de seus pensamentos, projetos e ações. Por isso mesmo, deverá estar propenso e preparado para assumir riscos. Precisa saber comunicar suas intenções estratégicas à organização. É, também, sua atividade o estabelecimento das regras de conduta a partir do conjunto de valores organizacionais. Ao líder estratégico é imprescindível a capacidade de influenciar as pessoas de modo a assumirem que mudanças são necessárias para que o futuro delineado para o negócio se realize. Cabe a esse líder assumir o comando do desenho das condições para a prosperidade e a perenidade da organização, ou seja, garantir o desenho das estratégias para o empreendimento.

O Líder Tático deve ser um parceiro muito próximo do líder estratégico, apoiando-o no desenho da estratégia empresarial e na divulgação dos valores e comportamentos esperados para a organização. É seu papel traduzir a estratégia empresarial para seu campo de atuação. Assim, deve ter suas capacidades de síntese e comunicação bem desenvolvidas. Por sua posição intermediária na estrutura hierárquica, precisa agir como um articulador, com forte habilidade para influenciar pares, subordinados e, até mesmo, superiores. No caso especial de atuar à frente de uma linha de negócios, precisa estar atento às alterações do ambiente externo, sugerindo estratégias emergentes.

O Líder Gerencial, por sua proximidade com os funcionários, deve agir como um “educador organizacional” buscando autodisciplina e pró-atividade em sua equipe. Dessa forma, deve atuar no desenvolvimento comportamental e operacional das pessoas sob sua tutela. Cabe a esse líder garantir que a estratégia delineada para o negócio se realize, ou seja, promover as mudanças necessárias à organização. E, deve encaminhar as mudanças sem perder de vista os resultados do dia a dia, fruto da previsibilidade dos processos sob sua autoridade que passa pelo cumprimento de procedimentos padronizados e a solução de problemas.

Todos os líderes, independentemente de sua posição hierárquica, devem trabalhar no desenvolvimento das pessoas sob seu comando, e garantir que os valores, as atitudes e os comportamentos de sua equipe estejam condizentes com os preceitos da organização. Acima de tudo devem servir de exemplo de conduta, e agir com isenção e justiça no encaminhamento de conflitos pessoais que emergirão no caminho das mudanças.