No contexto da formulação estratégica existe uma questão fundamental: as definições e desdobramentos estratégicos serão mais bem conduzidos por um processo de planejamento ou de pensamento estratégico? Alguns dos maiores especialistas no tema – entre pesquisadores e consultores – têm opiniões aparentemente distintas. Uns defendem que a estratégia empresarial deve ser “planejada”, a partir de um processo estruturado, onde os principais atores (líderes empresariais) devem fazer as perguntas certas, discutir as respostas encontradas, buscar o consenso, decidir como competir a partir dessa “análise planejada” e formalizar as estratégias definidas em um “plano estratégico” (ou, plano de negócios). Para outros, o processo de definição de estratégias, dada a (aparente) constante inconstância no mundo dos negócios – com novos concorrentes indo e vindo, novas oportunidades surgindo a todo instante nos mais diversos lugares, a economia oscilando entre ciclos de prosperidade e recessão numa frequência nunca vista, novos canais de distribuição emergindo no ambiente competitivo, etc. –, envolve uso de “intuição e criatividade” gerando uma “percepção” integrada da organização.
Vamos procurar entender um pouco melhor ambos os processos, focando os aspectos relevantes de cada um, para então chegarmos a uma conclusão.
No Pensamento Estratégico, a palavra de ordem é “síntese”: a reunião de elementos concretos e abstratos em um todo, que tem sua origem num processo mental intricado com pensamento não-linear, que trata da complexidade de um grande volume de informações, que assume que os riscos inerentes são naturais e, assim, faz uso de intuição para a tomada de decisão e de criatividade para o desenvolvimento de novas abordagens para problemas antigos. Ter estratégia significa ter consistência de comportamento ao longo do tempo.
No Planejamento Estratégico, a palavra chave é “análise”: o desmembramento dos principais aspectos relacionados com a estratégia empresarial em várias partes, para facilitar seu estudo e consequente compreensão, e assim tomar decisões fundamentadas em fatos concretos e dados precisos. O objetivo é conhecer a natureza da organização, suas intenções estratégicas (objetivos de longo prazo), seu ambiente competitivo, suas forças e fraquezas e, então, traçar objetivos, metas e planos de ação de médio e curto prazo (formalmente documentados).
Assim, podemos concluir que a resposta à questão “planejamento ou pensamento estratégico?” não passa por uma escolha. Não existem, de fato, incompatibilidades entre os dois processos. A maximização dos resultados exige o desenvolvimento da “cultura estratégica” na organização, estabelecendo e amplificando a atenção de todos para questões estratégicas nos acontecimentos diários – promovendo a consistência de comportamento em longo prazo –, e a estruturação de um “sistema estratégico” permitindo implantar de modo coordenado e gerenciável estratégias empresariais – facilitando a definição e o controle de um curso de ação para o futuro. Ao desenvolvimento da “cultura estratégica” podemos associar o pensamento estratégico, e à estruturação do “sistema estratégico” o planejamento estratégico.
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Robin,
Parabéns pelo sensacional artigo sobre o tema. Você conseguiu fazer uma bela síntese. E a figura é MUITO ilustrativa.
Kleber, mais uma vez obrigado pelo seus comentários. É bom ouvir, de outro especialista na área, que com nossos posts estamos ajudando a esclarecer e aprofundar o conhecimento sobre o tema estratégia.