Prontidão tecnológica

No campo da pesquisa & desenvolvimento, particularmente no quesito inovação de tecnologia, uma boa prática é a aplicação da avaliação do nível de prontidão da tecnologia, conhecido pela sigla TRL (de Technology Readiness Levels).

trl thermometerA medição TRL foi proposta pela Agência Espacial Americana, a NASA (National Aeronautics and Space Administration), a partir da publicação do documento “NASA technology push towards future space mission systems” (1989). Essa proposta surgiu como uma consequência de cortes no orçamento para os programas e projetos da NASA após as missões Apollo, o que acarretou constantes acréscimos de custos e atrasados. Então, pelo estudo do impacto da falta de investimentos diretos, chegou-se à conclusão de que quando a tecnologia necessária ainda está em baixo nível de maturidade os custos e cronogramas de desenvolvimento não podem sem previstos com precisão. O objetivo da NASA, com a proposição da escala TRL, foi estabelecer uma nova ênfase para o desenvolvimento tecnológico, levando-o de um papel de sustentação para algo primordial no desenvolvimento de novos sistemas para missões espaciais.

Desde então foram feitos ajustes e aperfeiçoamentos ao sistema TRL da NASA, que acabou adotado internacionalmente por países como Canada, Inglaterra e Japão, entre outros. Naturalmente surgiram novas aplicabilidades a outras áreas além da aeroespacial. A NATO (North Atlantic Treaty Organization) preconiza a existência de dez níveis de maturidade para a tecnologia, do conceito inicial a sua validação final.

O nível TRL 0, indica que o projeto encontra-se em fase de pesquisa científica, onde novas ideias conduzem a estudos, descobertas e aprendizado. Por sua vez, uma tecnologia que alcançou o nível TRL 9 é aquela completamente validada, estando operacionalmente provada. O caminho do estado TRL 0 ao TRL 9 implica prazos de desenvolvimento significativos, passando por etapas que vão de estudos em pranchetas, prototipagem, produção e teste de componentes, integração e teste de componentes em subsistemas e sistemas, e testes e validação no mundo real.

Embora delineado para um contexto militar, pela própria natureza da organização, o modelo NATO TRL pode facilmente ser adaptado e aplicado a outras áreas da atividade humana. São os seguintes os níveis de prontidão tecnológica definidos pela escala NATO TRL (obs.: para uma melhor percepção da possibilidade de aplicação a outros ambientes de negócio, o enfoque militar da NATO está destacado entre colchetes):

  • TRL 0 – Pesquisa básica com aplicação [militar] em mente
  • TRL 1 – Princípios básicos observados e reportados [num contexto de capacidade militar complementar]
  • TRL 2 – Conceito da tecnologia e/ou aplicação formulada
  • TRL 3 – Prova do conceito da função crítica ou característica, analítica e experimentalmente, realizada
  • TRL 4 – Componente ou subsistema validado em ambiente de laboratório ou campo
  • TRL 5 – Componente, subsistema ou sistema, validado em ambiente (de operação) relevante
  • TRL 6 – Modelo de subsistema ou sistema, ou protótipo, demonstrado em contexto ou ambiente (de operação) realístico
  • TRL 7 – Protótipo do sistema demonstrado em contexto ou ambiente operacional (p. ex., um exercício sumulado)
  • TRL 8 – Sistema atual concluído e qualificado por teste e demonstração
  • TRL 9 – Sistema atual operacionalmente provado por meio de missões operacionais bem sucedidas

Podemos entender os níveis TRL 1 a TRL 3 como etapas de concepção da inovação, do TRL 4 ao TRL 6 como etapas de desenvolvimento do produto inovador, e do TRL 7 ao TRL 9 como etapas de acabamento da inovação.

Em ensaio próximo vamos ver o modelo IRL (Innovation Readiness Levels), que surgiu como uma alternativa ao modelo TRL, incluindo níveis de prontidão quanto à evolução da inovação frente ao mercado…

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Sobre Robin Pagano

Pensador, palestrante e consultor sênior em Estratégia, Gestão e Inovação de negócio. Mestre em Eng. de Produção - UFRGS; Pós-graduado em Estudos de Políticas e Estratégias de Governo - PUCRS; Pós-graduado em Marketing de Serviços - ESPM/RS; Especializado em Gestão da Qualidade Total (TQM) - NKTS/Japão; Lead Assessor ISO 9000 - SGS-ICS; Engº Eletrônico - PUCRS. Atuou como Gerente de Desenvolvimento, de Processos e de Serviços em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacional, líderes de mercado. Professor universitário em cursos de MBA, Especialização e Extensão. Consultor sênior em Estratégia, Gestão, Qualidade e Inovação. Sócio da Intelligentia Assessoria Empresarial.

5 pensou em “Prontidão tecnológica

    • Olá Wellington, obrigado por sua sugestão, mas creio que quis dizer NBR ISO 16501 – Diretrizes para Sistemas de Gestão da Pesquisa, do Desenvolvimento e da Inovação (PDI).
      Você pode se interessar pela métrica e respetivo Diagnóstico ERL (Entrepreneurship Readiness Level), que permite estabelecer o Nível de Prontidão do Empreendedorismo. Elaboramos essa métrica inspirados nas métricas TRL e IRL, com foco em empreendimentos embrionários inovadores (startups). Veja em: star2up.com.br/diagnostico-erl

  1. Pingback: Prontidão do Empreendedorismo – Star2Up

  2. Pingback: Prontidão da inovação | Blog Intellinsights

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