A cultura organizacional pode ser entendida como a “cola” que mantém a unidade da organização. De modo geral, a base da cultura organizacional vem da explicitação de seus valores: no que a organização acredita! E, a partir daí, quais são suas predisposições e respectivas ações comportamentais.
Como indivíduos sociais, as pessoas assumem posturas, decidem e (re)agem fundamentadas em seu conjunto de crenças e valores, seus princípios morais. Isto acontece de modo inconsciente: não precisamos parar e pensar antes de decidir e agir, nosso comportamento é quase que totalmente espontâneo. Nossos princípios morais são tão arraigados em nossa mente que ditam todas as nossas atitudes (predisposições) e comportamentos (ações) perante as mais diversas e distintas situações a que somos expostos.
Entendendo que uma organização nada mais é do que uma associação de indivíduos, pode-se concluir que ela (a organização, representada pelo conjunto de pessoas que a compõem) também assume posturas, decide e (re)age de acordo com um determinado, e muitas vezes inconsciente, conjunto de crenças e valores. Aqui pode residir a chave do sucesso ou fracasso dessa organização. Por quê? Os princípios morais (os códigos de conduta) das pessoas são individuais, assim, mesmo compartilhando valores comuns, é fácil perceber que outros (ainda que poucos) serão distintos. Portanto, conflitos serão inevitáveis se não houver uma convergência dos códigos de conduta dos membros de uma mesma organização. Isto se torna ainda mais crítico quando as divergências estão nos sócios do empreendimento: para evitar conflitos, decisões importantes ou são postergadas ou, pior ainda, deixam de ser tomadas.
Como convergir se nossos princípios (individuais) são tão profundos e inconscientes? Esta tarefa cabe aos líderes empresariais. Primeiramente eles precisam reconhecer suas próprias crenças e valores, eventuais divergências, e as consequências positivas e negativas para o negócio. Em seguida, devem convergir entre si, estabelecendo em consenso um conjunto abrangente e coerente de valores para o empreendimento. Por fim, a parte mais difícil, levar estes valores aos demais membros da organização. Como? Vivenciando os valores no dia a dia, explicando-os a todos os envolvidos (funcionários, e até mesmo fornecedores e clientes), agindo de acordo e apontando e corrigindo ações contraditórias ao conjunto de valores organizacionais.
Mas que tipo de valores são importantes para o negócio? É possível distinguir pelo menos dois grupos: o dos princípios morais e o dos princípios de gestão. Por princípios morais vamos entender aqueles valores (juízos de apreciação referentes à conduta humana) que moldam as atitudes e comportamentos do indivíduo em todas as situações de sua vida. Por princípios de gestão vamos definir aqueles valores (fundamentos de excelência) que moldam as decisões gerenciais e ações profissionais, ou seja, as atitudes e comportamentos perante situações envolvendo clientes, fornecedores e colegas de trabalho, no ambiente dos negócios. Exemplificando: um princípio moral comumente encontrado é “honestidade” (integridade de caráter, decoro); por sua vez, um princípio de gestão muito difundido é “qualidade” (atributo do bem ou serviço, adequação ao uso, conformidade com as especificações). Os princípios morais são mais abrangentes, agindo sobre os princípios de gestão: “Sendo honestos, não deixaremos que produtos com pequenas imperfeições cheguem aos nossos clientes.”
Só com valores explicitados, plenamente entendidos por todos e vivenciados no dia a dia, a empresa conseguirá estabelecer uma cultura organizacional forte, que molde as atitudes e comportamentos dos envolvidos com o negócio, privilegiando bons inter-relacionamentos, abertura a mudanças, busca de consenso, enfim, um ambiente propício ao sucesso.
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