Você é um gerente ou um gestor?

Com a disseminação de cursos de Especialização e MBA em Gestão Empresarial, principalmente a partir da segunda metade da última década do século 20, as chamadas boas práticas de gestão foram sendo amplamente “conhecidas”. Assim, práticas como o método de gestão PDCA, a padronização, os indicadores de desempenho, o método de solução de problemas, bem como as ferramentas da qualidade (gráfico sequencial, diagrama de causa e efeito, diagrama de afinidades, etc.) e outras, estão cada vez mais difundidas. “Todos” dizem conhecer, contudo conhecer não implica, automaticamente, aplicar.

gestoresPara aplicar as boas práticas de gestão, além de saber de sua existência, é preciso ter conceitos sólidos, entender seus princípios, acreditar em seus benefícios. Isso exige estudo para além dos cursos de Pós-Graduação, aprendizado a partir de sua experimentação e disciplina para uma aplicação sistemática.

Em uma conversa com um colega também consultor, ele descreveu uma situação que reflete um lugar comum. Dizia ele que tendo sido contratado por uma empresa para ajudar na sistematização da gestão, na aplicação das boas práticas, estava enfrentando algumas dificuldades para conseguir que suas recomendações fossem postas em prática. Então, solicitou uma reunião com o principal executivo, contratante do serviço. Ao apresentar a situação ouviu do mesmo algo do tipo: “Não tenho tido tempo para essas coisas de gestão, pois preciso tocar a empresa no dia a dia.” A surpreendente questão que se coloca aqui é: Como um gestor toca o dia a dia, exerce sua função, sem usar boas práticas de gestão?

Outra situação, que tenho visto com alguma frequência, demonstra bem a confusão existente ou o desconhecimento sobre fundamentos a quem deveria aplicar as boas práticas. Em uma reunião com gestores, de uma empresa para a qual eu estava iniciando assessoria de gestão, um deles dizia: “Não usamos indicadores, mas trabalhamos com metas que nos mostram se estamos obtendo os resultados planejados.” Mas como é possível monitorar resultados e compará-los a metas (números), de forma produtiva e inequívoca, sem o uso de indicadores de desempenho (métricas)?

Penso que um dos principais problemas, uma das maiores dificuldades no caminho da aplicação de boas práticas de gestão, é exatamente a falta de conceitos sólidos. Isso vai muito além de conhecer no sentido de ter noção. O gestor seja de que nível for, de um alto executivo a um supervisor ou coordenador de equipe operacional, deve encontrar espaço em sua agenda para aprofundar seus conceitos sobre gestão, apreender as boas práticas e implementar os métodos e ferramentas gerenciais.

Sugiro aos profissionais da gestão uma reflexão, respondendo à questão provocativa inicialmente colocada: Você é um gerente ou um gestor? A diferença é, embora um jogo semântico, simples de entender: os gerentes têm um cargo delegado, já os gestores são os profissionais que aplicam as boas práticas de gestão. Há muitos gerentes nas empresas, mas apenas alguns são, de fato, gestores! E você? E sua equipe gerencial?

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Sobre Robin Pagano

Pensador, palestrante e consultor sênior em Estratégia, Gestão e Inovação de negócio. Mestre em Eng. de Produção - UFRGS; Pós-graduado em Estudos de Políticas e Estratégias de Governo - PUCRS; Pós-graduado em Marketing de Serviços - ESPM/RS; Especializado em Gestão da Qualidade Total (TQM) - NKTS/Japão; Lead Assessor ISO 9000 - SGS-ICS; Engº Eletrônico - PUCRS. Atuou como Gerente de Desenvolvimento, de Processos e de Serviços em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacional, líderes de mercado. Professor universitário em cursos de MBA, Especialização e Extensão. Consultor sênior em Estratégia, Gestão, Qualidade e Inovação. Sócio da Intelligentia Assessoria Empresarial.

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