Falando em processos, uma inovação de tecnologia estará invariavelmente associada à necessidade ou desejo de algum tipo de ganho, seja de produtividade, uma redução de custos, uma maior flexibilidade, etc. Um caso extraordinário foi a mudança de produção de um modo quase artesanal para a produção em série, promovida por Henry Ford no início do século 20, e que permitiu a redução do tempo de produção de um veículo de algo em torno de 14h para pouco mais de 1h30. Ainda hoje, um século depois, esse é o tempo médio de produção de um veículo. Outro bom exemplo foi a automação de linhas de produção por meio de robôs controlados por computadores, permitindo maior uniformidade e confiabilidade sobre os produtos produzidos.
Quando nos reportamos a produtos, a inovação de tecnologia implica em características inovadoras para produtos já existentes ou mesmo produtos completamente inovadores. Um exemplo de produto já existente, mas com novas características, foi a tela de retina, que elevou em 18% a quantidade de pixels (pontos que formam a imagem) na tela, impedindo que o olho humano perceba esses pontos separadamente. Como exemplos de produtos totalmente inovadores, no caso de bens, podemos citar os tablets que de certo modo substituem os microcomputadores (de mesa ou notebook), e carros movidos a motores elétricos. No caso de serviços inovadores, como bons exemplos temos a disponibilidade para realizarmos transações bancárias (pagamentos, transferências de recursos, etc.) pela internet evitando a necessidade do cliente se dirigir a uma agência, e os sites de compras coletivas que permitiram obter descontos significativos para o cliente com vendas e ganhos garantidos para o fornecedor.
A inovação de tecnologia também pode levar à necessidade de mudança no modelo de negócio. Casos emblemáticos são os das indústrias da música e do cinema. Com o advento da internet e a mudança no formato do registro de músicas e filmes, de analógico para digital, tanto a indústria da música quanto do cinema passaram a ter a possibilidade de distribuição de seus produtos por meio da internet, ou seja, com muito mais agilidade e menos custo. Por outro lado, isso ampliou um problema que sempre existiu, mas levado a volumes e com facilidades antes impensados, a pirataria de seus produtos. Tanto pelo aspecto positivo quanto pelo negativo dessa inovação tecnológica, surgiu a necessidade de rever o modelo de negócio… algo com o qual essas indústrias ainda se debatem.
O que podemos concluir sobre inovação de tecnologia? Como a inovação de tecnologia pode ser classificada? Seria um “tipo” de inovação? Lembrando-nos do ensaio “O que é inovação?”, penso que não, pois por “tipo” entendo uma inovação de processo, de produto ou de modelo de negócio, ou seja, o tipo está intrinsecamente relacionado ao efeito desejado da inovação. Então, como podemos entender a inovação de tecnologia? Acredito que a melhor forma de classificá-la seja como uma causa de inovação, que tanto pode ser reativa quanto pró-ativa. Uma inovação de tecnologia será reativa se sua descoberta for motivada pela busca de um efeito inovador desejado para um processo, produto ou negócio, e será pró-ativa quando sua descoberta, normalmente a partir da curiosidade de um pesquisador, levar à possibilidade de um efeito inovador para um processo, produto ou negócio.
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