Autoconhecimento e a inteligência contextual

Os significados que a mente emocional constrói para determinados conceitos, estão inseridos dentro de um contexto específico, envolvendo uma determinada situação e pessoas.

O desenvolvimento da lógica do autoconhecimento faz com que o indivíduo aprenda a promover a identificação destes contextos de tom emocional, para diferenciá-los de outros que apresentarem características semelhantes, descontaminando os conceitos envolvidos.

A inteligência contextual é imprescindível para a mente auditar suas percepções. Um líder amplia seu discernimento, ao desenvolver esta importante competência para melhor decidir.  

Autoconhecimento e o bom humor

Uma forma de medir o grau de autorrealização de um indivíduo é percebendo o seu nível de bom humor. Um líder deve ter esta característica, contudo não pode ser confundida com sorriso crônico ou ironia e, muito menos, com a tendência de sempre dizer algo engraçado.

O bom humor, paradoxalmente, se conquista com seriedade, e o autoconhecimento favorece o desenvolvimento gradativo desta importante característica, porque o indivíduo aprende a resolver seu mundo subjetivo para melhor atuar no mundo objetivo. 

Autoconhecimento e o discernimento

Para liderar é necessário o maior discernimento possível. E, para se chegar a melhor interpretação, os conceitos envolvidos numa decisão, devem estar descontaminados de quaisquer distorções.

Na comunicação humana, a aproximação de conceitos é fundamental entre o emissor e o receptor. Contudo, mais frequente do que se imagina, nos comunicamos de modo imperfeito, devido ao descuido em observar a sutileza dessas diferenças, ao interpretarmos.

A lógica do autoconhecimento possibilita, em primeiro lugar, a diferenciação entre o que é subjetivo no seu contexto particular, e o que é de fato, no contexto atual. Assim, o nível de discernimento se potencializa, tornando claro que a subjetividade não pode caricaturar a objetividade do fato. E, não raro, de modo sutil, identifica-se pequenos tons de distorções capazes de provocarem grandes equívocos. 

Autoconhecimento e os mecanismos de defesa

Se entendermos mecanismos de defesa como processos que permitem a mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos conscientemente, tão bem estudados por Ana Freud, percebemos que ao desenvolvermos o autoconhecimento, descobrimos ou inferimos porque estamos nos defendendo de algo que parece ser ameaçador, contudo, ilusório.

Um líder sob pressão, não raro, tende a acionar alguns de seus mecanismos de defesa. Decidir com discernimento é, antes de tudo, raciocinar sem qualquer contaminação do emocional defensivo. Assim, desconstruir mecanismos de defesa passa a ser algo imprescindível para se exercer a liderança, e depende do nível de autoconhecimento conquistado.

Autoconhecimento e a inteligência política

“O homem é por natureza, um ser vivo, político” e, todos aspiram viver bem e à felicidade (…) sendo que “a virtude mais humana consiste na busca do bem e da felicidade”, segundo Aristóteles.

Um líder esforça-se para salientar suas virtudes, ao desenvolver o autoconhecimento. Com uma racionalidade reeducada, constrói uma mente mais serena, aprimorando o seu discernimento para decidir.

As consequências das decisões atingem as pessoas que compartilham do mesmo contexto. Se favoráveis, o líder faz a política concebida por Aristóteles: “proporciona o melhor para todos”. Assim, podemos infeirir que uma   liderança alicerça-se nas virtudes de um líder, e ser um líder é ser, em tese, um político organizacional.