O líder no contexto do Planeta Espelho

Quando leio no livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, de Edgar Morin, sobre a importância de nos educarmos para compreendermos as causas da incompreensão humana, torno-me refém da profundidade da frase. Muitos problemas das relações humanas se cronificam devido ao fato de ignorarmos as causas reais que sustentam nossos conflitos. Atrevo-me a dizer que nos manifestamos baseados muito mais nas causas ilusórias.

Há oito anos, pesquiso e estudo sobre os modelos mentais e a afetividade envolvidos na boa liderança. Penso que o líder é o primeiro que precisa resolver, com inteligência, os seus desafetos para potencializar a competência em desenvolver sua equipe. Quem se torna realmente um líder sabe que está no Planeta Espelho… e aquilo que sente em relação ao outro refere-se, antes de tudo, a si mesmo. Assim, a educação para a liderança é também a primeira que precisa sistematizar o conhecimento para promover a compreensão das causas da incompreensão humana.

Refletindo sobre o processo da vida

A vida torna-se mais harmônica com o hábito da reflexão. Num mundo no qual a cultura não favorece a subjetivação, subjetivar-se faz muita diferença. Pensar com mais profundidade sobre os acontecimentos, alfabetizando-se na linguagem dos símbolos e prestando atenção às sincronicidades, possibilita dar novos sentidos ao que vivemos. Um dia neste Planeta é um dia de possibilidades. Com uma saudável atitude mental, estimula-se novas realizações. O papel do líder é favorecer o processo da vida.

A autoridade é interna!

A verdadeira influência nasce da coerência entre o quê se faz e o quê se diz. Manter esta postura, independente da situação, é o desafio da liderança. Toda autoridade do líder é, antes de mais nada, interna. Se revela autoconfiança e auto-estima ao enfrentar as situações não tão boas, serve de exemplo com naturalidade.
O líder não é um salvador, é um pensador com senso prático. Ele constrói alternativas com a sua auto-organização mental. Reeduca-se constantemente, pois grande parte daquilo que sabe aprendeu enquanto ensinava a própria equipe. Perto de si, quer pessoas preparadas e, desenvolve-as para contribuirem, também, com suas autoridades internas.

Clareza de Objetivos: determina a priorização

Quando temos clareza sobre o quê deve ser realizado primeiro, é mais simples. Complica quando não definimos as prioridades adequadamente. Geralmente, as lideranças planejam metas simultâneas antes do término de metas já em andamento,favorecendo uma possível confusão na definição das novas prioridades. É um grande efeito dominó na perda de tempo.

Toda equipe necessita das prioridades para cumprir uma seqüência de processos. Não é raro ver pessoas trabalhando sem saber exatamente porque fazem aquilo naquele determinado momento. As tarefas realizadas no momento inadequado alimentam ambientes para futuros conflitos. Lembre-se, antes de qualquer coisa, tenha clareza nos seus objetivos. É melhor respirar fundo antes de decidir o critério que determinará a melhor priorização.

Desdramatizar a adversidade: competência emocional

Um grande diferencial entre pessoas é como elas reagem frente aos problemas. Quanto mais determinadas elas são, menos submetidas à influência das adversidades. A determinação vai além da motivação. A motivação nem sempre sobrevive à adversidade. A adversidade faz parte do processo, ignorar isto é viver uma ilusão. Desdramatizar a adversidade é uma competência emocional

A liderança deve ser impregnada de determinação e coerência. Quando o líder está determinado ele é capaz de posicionar-se no “olho do furacão” e pensar numa alternativa adequada. O fato de não agitar-se excessivamente, sustenta sua competência técnica. Isto é, a competência emocional mantém a competência técnica, caso contrário, perderia parte de sua racionalidade.