Desvendando conceitos pelo autoconhecimento

Cada um de nós possui experiências únicas, principalmente se relacionadas a como sentimos as situações vividas. Durante estas experiências, nossa mente assumiu alguns conceitos que precisam ser resignificados, num outro período de vida.

O tom emocional que havia, no momento em que o conceito foi assumido, pode ter distorcido o seu significado. Assim, há uma grande probabilidade de nos tornarmos inadequados ou defensivos quando algo, envolvendo o conceito em questão, o aciona.

Para revisitar estes significados tão particulares, o ideal é identificar a situação que deu origem ao conceito distorcido. Ao compreendermos este desvio de significado, aferimos-o, como resultado do autoconhecimento.

Autoconhecimento desvenda os conteúdos subjetivos do sistema interpretativo

Autoconhecimento desvenda os conteúdos subjetivos do sistema individual de interpretação. Apropriar-se destes conteúdos exige reflexão sobre o tom emocional de alguma memória ativada, associação entre o passado e o presente, além do conhecimento de algumas técnicas e conceitos sobre o assunto.

Os saberes de alguma área de atuação,  formalizados e sistematizados para serem propagados atravérs da Educação, compõem os conteúdos objetivos dos sistemas interpretativos.

Um tom emocional não tão bom e anacrônico de alguma memória ativada, tende a submeter, inclusive, o conhecimento objetivo, comprometendo a interpretação. Por isso, o autoconhecimento afere a subjetividade para evitar alguma distorção na interpretação produzida, principalmente num ambiente sob pressão, em que o líder precisa posicionar-se, em busca dos melhores resultados.

Autoconhecimento e os sistemas interpretativos na comunicação

O que nos une ou desune está relacionado com as interpretações. Em que sistema de interpretação estamos inseridos? Em que sistema de interpretação está inserido aquele com quem  nos comunicamos? A maior dificuldade nos relacionamentos envolve o distanciamento entre as interpretações.

O autoconhecimento nos torna mais cuidadosos com nossas próprias interpretações e, mais atentos, para inferir em que sistema interpretativo está o nosso interlocutor. Não raro, não é o mesmo sistema, com mais frequência, há interseção entre eles, favorecendo a comunicação, mas algumas vezes, há um distanciamento tão acentuado entre estes sistemas, que se torna difícil o entendimento, se não nos dermos conta disto.

 A argumentação existe para nos comunicarmos com outros sistemas interpretativos. Através de premissas, estruturamos nossos argumentos e tentamos influenciar aquele que interpreta diferente de nós. A serenidade com que vamos argumentar é oriunda do mundo interno, fruto do nível de autoconhecimento e, de conhecimentos essenciais adquiridos do assunto tratado, oriundos do mundo externo.

Humor e o autoconhecimento

O humor é um indicador para verificarmos se estamos no caminho certo ou não. O bom humor mostra, de algum modo, um acerto. Revela nossa abertura para lidar, assertivamente, com as pessoas e as situações, emergindo das escolhas corretas que fazemos.

O autoconhecimento tende a nos levar a este estado de receptividade e disponibilidade acolhedora. Um líder precisa desenvolver o seu bom humor. É fundamental para que possa influenciar e educar a sua equipe. Um sorriso, fruto do bom humor, é bem diferente de uma gargalhada que pode ser sinônimo de insegurança. O autoconhecimento desenvolve um discernimento, em que, o líder, aprende a inferir o sistema interpretativo que a outra pessoa está mergulhada. Este discernimento dá sustentabilidade ao seu humor.

A importância de conhecimento e de autoconhecimento

O conhecimento estrutura o raciocínio, tanto o conhecimento formal como o subjetivo. Na área em que atuamos existem várias linhas de conhecimento. É fundamental aprendermos a dialética entre elas, isto é, linhas de conhecimento que se combatem, para analisarmos melhor como o objeto estudado pode ser, diferentemente, compreendido. Assim como cada humano possui um conhecimento subjetivo único, devido a particularidade de como sentiu suas experiências, podemos ter dialética entre os subjetivos, isto é, subjetivos que se combatem, fazendo-os não se entenderem, num primeiro momento.

Se quisermos melhorar nossa percepção em relação aos aspectos lógicos e as suas fragilidades, precisamos mergulhar nos opostos, naquelas interpretações que se combatem e, aplicar o conhecimento que já possuímos para tecer a alteração necessária na interpretação resultante. No caso do conhecimento subjetivo, precisamos relativizá-lo com a experiência vivida, para compreender a tendência a uma inflexibilidade interpretativa, verificando o tom emocional presente.

E, sabemos que o desconhecido é imensamente superior ao conhecido. Então, sempre uma dúvida cabível, para dar abertura a novas informações, ou a determinadas relações interpessoais desafiadoras, por mais estranhas que sejam, pois elas são capazes de gerarem dúvidas e, são as dúvidas que produzem o conhecimento formal e, o autoconhecimento, aquele conhecimento que considera a relatividade do subjetivo.