Desenvolvimento Tecnológico

Ensaio publicado originalmente no Blog Star2Up – consciência empreendedora:  star2up.blog.br

Já estabelecemos que o empreendedorismo inovador passa por três fases, sendo a primeira o desenvolvimento tecnológico, e que essa fase avança vencendo três etapas: concepção do produto, prototipagem e acabamento. Vamos então ao detalhamento dessas etapas, compreendendo como ocorre o desenvolvimento tecnológico.

Com um andamento estruturado, o processo do empreendedorismo inovador evolui suas etapas alternando dois níveis de atividades: o do pensamento e o da ação. Na fase do desenvolvimento tecnológico, o início das atividades se dá ao nível do pensamento, avança para o nível da ação e retorna ao nível do pensamento. O nível do pensamento é onde se concentram atividades de geração de ideias, reflexões, decisões e planejamento, que darão origem ao arcabouço do empreendimento. No nível da ação a inovação é posta à prova, com atividades de seleção de ideias, testes e validação da solução.

Star2Up - Desenvolvimento TecnológicoNa primeira etapa do desenvolvimento tecnológico a definição do problema ganha forma, levando à concepção do produto inovador. O início é a criação da visão de futuro para o empreendimento culminando no desenho da proposta de valor para o segmento alvo de clientes. Nesse caminho deve-se compreender objetivamente o problema a ser resolvido e que trabalho deve ser feito para solucioná-lo.

Na segunda etapa a exploração da solução toma o campo da ação, onde o produto inovador é levado da ideia ao seu desenvolvimento e testes de campo, por meio de avanços em prototipagem. Esta é uma fase de ciclos de aprendizagem, com pivotagens a cada nova descoberta crítica sobre o problema do cliente e o trabalho a ser feito. A prototipagem pode ser conduzida em três níveis de profundidade, iniciando com um produto mínimo viável (MVP), passando a testes com a versão alfa (um produto ainda em desenvolvimento) e concluindo com a versão beta (um produto pretensamente acabado, mas que ainda pode exigir ajustes ou mesmo correções).

Na terceira etapa, fechando a fase do desenvolvimento tecnológico, tem lugar o acabamento com a modelagem do negócio. Aqui, com o segmento de clientes já bem definido e a proposta de valor testada e validada, serão definidos os outros aspectos críticos do negócio que permitirão a entrega da solução aos clientes alvo e a captura de valor para o empreendimento. Assim, as formas de relacionamento com o cliente e a distribuição dos produtos devem ser definidas, bem como as atividades e recursos críticos e os parceiros chave do negócio. Do ponto de vista financeiro, a estrutura de custos e o fluxo de ganhos também devem ser detalhados.

Em ensaios próximos vamos discutir as fases seguintes do empreendedorismo inovador, o desenvolvimento mercadológico e o organizacional e, então, detalhar as principais ferramentas e métodos de cada etapa das três fases.

Governança Empreendedora, um novo conceito!

Ensaio publicado originalmente no Blog Star2Up – consciência empreendedora:  star2up.blog.br

A visão do empreendedor inovador, em geral, é uma epifania. Sua intenção ideológica é mudar o mundo, com sua inovação de valor. Contudo a realidade do dia a dia impõe desafios a serem superados, problemas não previstos, obstáculos a cada avanço. Há o risco estratégico ao desafiar negócios estabelecidos, formam-se movimentos contrários a sua proposta de valor, surgem barreiras organizacionais ao crescimento sustentado,…

planoXrealidadeAssim, conforme o empreendedor vai desenvolvendo e testando sua ideia, ele vai descobrindo que dificilmente conseguirá vencer todos os desafios sem algum apoio. Não basta a ideia original e a capacidade de transformá-la num produto inovador. O empreendedor bem sucedido nessa empreitada inicial descobre que, para além do processo de inovação, há questões estratégicas, mercadológicas e organizacionais a resolver.

Aceleradoras de startups que aportam capital financeiro, para tentar garantir o retorno do investimento, contribuem com algum nível de aporte de conhecimento ao empreendedor, seja com atividades de mentoria ou capacitação. Isso nem sempre é suficiente. Aqui entra a Governança Empreendedora.

Governança, por si só, é o ato de governar, regulando e controlando o andamento de algo. A Governança Corporativa, uma sistemática muito presente no mundo dos negócios, pode ser entendida como o exercício do poder na administração dos recursos corporativos, com a definição de políticas e diretrizes para o negócio, a tomada de decisão em nível superior e o relacionamento com os stakeholders (partes interessadas do/no negócio).

A Governança Empreendedora, um novo conceito, tem por objetivo aportar capital intelectual ao empreendedor. Com mais conhecimento e habilidades sobre gestão e liderança o empreendedor ganha segurança, tomando melhores decisões, agilizando a resolução de problemas do negócio e conduzindo a equipe de modo harmônico e focado. Há benefícios também para o investidor, que adquire mais confiabilidade para investir ao ver ampliadas as chances de sucesso de retorno de seu investimento, pelo ganho de sustentabilidade do empreendimento.

Entendido o conceito, surge uma questão primordial: Como a Governança Empreendedora pode ser conduzida? Por meio de três ações inter-relacionadas: mentoria, workshops e consultoria.

Com a mentoria há a troca de experiências, o esclarecimento de dúvidas, orientações e o apontamento de caminhos a seguir para o avanço do empreendimento. Ela amplia a capacidade do empreendedor para o exercício de seu papel como executivo do negócio, mas não entrega tudo que ele precisa…

Com workshops o empreendedor tem apoio metodológico para formular as estratégias do negócio, para desdobrar e priorizar o que deve ser realizado dentro de sua limitação de recursos, para analisar e dar encaminhamento à solução de problemas críticos,…

Na Governança Empreendedora, a consultoria é conduzida como um processo de aprendizado. Há um forte trabalho cooperativo e colaborativo – hands on – entre consultor e empreendedor, que culminará tanto na solução de problemas quanto na apreensão, por parte do empreendedor, de ferramentas, métodos e práticas de gestão.

Empreendedorismo inovador

Ensaio publicado originalmente no Blog Star2Up – consciência empreendedora:  star2up.blog.br

No Brasil, o empreendedorismo é um movimento que ganha cada vez mais destaque. Outro movimento que também está em quase todas as rodas de discussão de negócios da atualidade é o da inovação. Muitos têm associado esses dois movimentos, vinculando empreendedorismo à inovação. Mas é isso mesmo? Empreender é inovar? Certamente, não!

Já vimos que empreendedorismo é “a introdução de novos bens ou serviços no mercado, agregando valor para os clientes e capturando valor para os empreendedores e investidores de modo sustentável”. Também já sabemos que os novos produtos não necessariamente são originários de inovação.

Mas há um terceiro movimento, o das startups, em particular as embrionárias, em fase de desenvolvimento da proposta de valor, onde há uma confusão intrínseca entre o empreendedorismo (edificação de um novo negócio) e a inovação (desenvolvimento de um novo produto a partir de uma ideia original útil). Entendendo esse contexto, basta tratar do que podemos chamar de empreendedorismo inovador.

Com isso em mente, surgem algumas questões que precisam ser respondidas: Como se desenvolve o empreendedorismo inovador? O que precisa ser resolvido para que a iniciativa seja bem sucedida e ganhe sustentabilidade?

Um processo de inovação pode conviver com alguma desordem, com processos imaturos e uma estrutura funcional maleável. Isso é típico de startups, portanto do empreendedorismo inovador. Mas a desordem que leva à inovação não pode durar para sempre, ou o empreendimento não sobreviverá ao teste do mercado, da escalabilidade e da repetibilidade, enfim, da sustentabilidade.

solução Star2UpComo resolver isso? Antes de tudo, entendendo que o empreendimento inovador passa por três fases de desenvolvimento: tecnológico, mercadológico e organizacional. E que cada uma dessas fases será desenvolvida em um percurso de oito etapas.

Na fase do desenvolvimento tecnológico, são três as etapas a serem vencidas: definição do problema (concepção do produto inovador), exploração da solução (prototipagem), e modelagem do negócio (acabamento) que permitirá a entrega do produto ao público alvo.

Na fase do desenvolvimento mercadológico, igualmente são três as etapas a serem superadas: lançamento da solução (escalabilidade), consolidação da sustentabilidade (competitividade) e crescimento do negócio (expansão).

Na fase do desenvolvimento organizacional, a transformação do empreendimento em uma empresa consolidada, passa por duas etapas: estabelecimento da estrutura funcional e do sistema de gestão (organização) e o desenvolvimento da liderança e promoção do engajamento das pessoas (comportamento).

Em ensaios próximos veremos em detalhe cada uma dessas fases e suas etapas…

O que é empreendedorismo?

Ensaio publicado originalmente no Blog Star2Up – consciência empreendedora:  star2up.blog.br

Empreendedorismo… uau! Isso é cool… Mas, afinal, o que é empreendedorismo?

Fazendo uma pesquisa histórica, facilmente chegamos ao economista austríaco Joseph Schumpeter (1883 – 1950), tido como um dos primeiros pensadores a explorar o conceito do empreendedorismo. É dele o cunho da expressão destruição criativa (em Capitalismo, Socialismo e Democracia, 1942), apresentando a ideia de que a introdução de novos produtos (bens ou serviços) na economia destrói modelos de negócios estabelecidos. Esses novos produtos, dizia ele, constituem a força motriz do crescimento econômico sustentado.

entrepreneurshipEm dicionários e enciclopédias o termo empreender é definido como “propor-se a, decidir realizar, pôr em execução, tentar”. Ao buscarmos uma definição com entidades promotoras dessa atividade, organizações de incentivo à ou aceleradoras da ação empreendedora, surgem definições que passam por “produzir algo de valor, assumir riscos e buscar autonomia, a partir de uma ideia”.

Então percebemos que, no mundo dos negócios, não há uma definição clara e precisa sobre o que é empreendedorismo. Depende muito do autor, do contexto a que a expressão está relacionada, do que se quer alcançar com essa ação.

No nosso caso, tratando de empreendimentos que visam lucro e/ou benefício social, iniciados por empreendedores que encaram falhas como parte do aprendizado dessa atividade, que podem receber aporte financeiro de investidores com capital de risco (venture capital), definimos empreendedorismo como “uma atividade que permite a introdução de novos produtos (bens ou serviços) – inovadores ou não – no mercado, agregando valor para os clientes e capturando valor para os empreendedores e investidores de modo sustentável”.

Dessa definição, no contexto que estamos focando, começamos a compreender melhor o que é empreendedorismo. É uma atividade iniciada a partir de uma ideia, original ou não, que tenha valor econômico ou social e que passa pela escalabilidade e repetibilidade do produto no mercado. Ainda, para que o empreendimento inicial se transforme num negócio sustentável, será necessário organizar sua estrutura funcional e seus processos, contar com pessoas engajadas com competências distintivas e ser conduzida por líderes que conseguem preservar o frescor do negócio, mantendo na empresa, então estabelecida, uma cultura e um ambiente de contínuo empreendedorismo.

Entendendo que empreendedorismo promove mudanças no ambiente (de negócios, social,…), com a introdução de novos produtos, faz todo sentido associar empreendedorismo à destruição criativa.

Vida longa e próspera à destruição criativa! Um viva ao empreendedorismo inovador… Ainda falaremos disso…

O mito do empreendedor bem sucedido, um ex-fracassado

Nestes tempos de empreendedorismo em alta, de startups, em especial na área da tecnologia, criou-se o mito de que o empreendedor bem sucedido de hoje é um ex-fracassado. Em alguns casos isso é fato, mas um fato não é uma regra geral estabelecida.

sucesso_fracassoAlbert Einstein já dizia que “se você nunca falhou, você nunca tentou algo novo.” Mas há uma grande diferença entre falha e fracasso. A falha permite aprendizado, o fracasso nos derruba inapelavelmente. Isso pode parecer apenas um jogo semântico, mas do ponto de vista de motivação entender a diferença muda tudo. Quando falhamos é porque algo não estava certo, quando fracassamos é porque estava tudo errado. Uma falha pode ser corrigida, um fracasso não.

No meio empresarial, fracasso, melhor seria dizer insucesso, faz parte de uma aposta de negócio. É o risco do empreendedor. Não basta ter uma ideia, um ótimo insight sobre um produto (seja um bem ou serviço), se essa ideia não puder ser explorada economicamente. Já abordei isso (ver ensaio O que é Inovação?), já sabemos que uma inovação é a exploração bem sucedida de uma ideia útil. Portanto, um empreendimento de sucesso, que tenha partido de uma ideia para inovação, é um produto de valor para algum cliente.

O fracasso não faz parte da vida dos empreendedores de sucesso. Alguns, mais ousados e ativos, sem dúvida vão passar por insucessos, mas isso não é fracasso, e muito menos mérito, é apenas uma consequência possível de uma aposta de risco. Sucesso é a criação de um novo negócio economicamente sustentado, que tem seu mérito na capacidade criativa e realizadora do empreendedor.

O insucesso, na maioria dos casos, é efeito de más escolhas, de “grandes ideias” não testadas, de falhas de gestão do empreendimento, de falta de estratégia mercadológica, enfim, de apostas às cegas. O empreendedor inovador, no geral sem experiência em tocar um negócio próprio, além de moldar e produzir bens ou serviços de valor precisará estruturar o negócio, organizando funções empresariais (pesquisa e desenvolvimento, marketing, produção, distribuição, serviços pós-venda, administração,…), liderando pessoas com objetivos comuns e gerenciando processos.

Assim, a transformação da ideia original em um produto desejado, e consequentemente num negócio bem sucedido, passa pelo aprendizado de boas práticas de inovação, estratégia e gestão. Essas, no caso de startups, começam por ferramentas e métodos para testar insights e ideias, identificar e entender quem são os clientes, saber como criar o mercado, quais serão os possíveis entraves a enfrentar, e por aí afora. Um método atual, testado e validado, é o do Desenvolvimento de Clientes. Nesse caminho, uma boa prática, é a definição do Produto Mínimo Viável (MVP, de Minimum Viable Product), que permite testar e validar a ideia. [em ensaio próximo abordarei em detalhes o MVP]

Com o MVP definido e validado, um método ágil e abrangente para a definição estratégica do empreendimento – encaminhando a criação do mercado e consolidação da empresa – é a geração do Modelo de Negócio. Aqui temos duas opções, o modelo de 4 elementos (ver Inovação de Modelo de Negócio: modelo das 4 caixas), ou o mais conhecido modelo dos 9 blocos construtivos constituindo o Business Model Canvas  (ver Inovação de Modelo de Negócio: modelo dos 9 blocos).

Sem boas práticas, sem método, tudo acaba passando por tentativa e erro, e assim facilmente se convive com a chance de fracasso. Portanto, para evitar o fracasso, para não validar o mito, é imprescindível apreender e aplicar métodos (de inovação, de estratégia e de gestão). Empreendimentos inovadores não precisam ser de alto risco, não é uma boa prática aceitar como inerente e esperar pelo fracasso. A aprendizagem organizacional sistemática (sobre falhas) é a verdadeira boa prática… É muito mais saudável ser um aprendiz do que um ex-fracassado.